sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Tishrei, um mês de festas

Tishrei, que neste ano corresponde a 9 de setembro a 8 de outubro, é, de fato, um mês especial no calendário judaico. Desde o dia primeiro, com a comemoração de Rosh haShaná, o Ano Novo judaico, o mês segue repleto de datas importantes que falam profundamente ao coração do judeu.

No dia 10 de Tishrei, temos o Yom Kipur, o Dia do Perdão. São 24 horas de jejum absoluto, com o coração contristado diante do Eterno, em busca não só do perdão de Deus, mas também do perdão humano. Como ensinam nossos sábios “quando chega o Yom Kipur cada judeu deve estender a seu inimigo uma mão de reconciliação, deve esquecer as ofensas recebidas e desculpar-se pelas feitas aos outros”.

Ao final do Yom Kipur, é costume nos lares judaicos bater o primeiro prego da Sucá (tenda), sinalizando a proximidade da data festiva a seguir, 15 de Tishrei, a Festa de Sucót (das Cabanas). Sucót marcava o término da colheita dos frutos, encerrando o ano agrícola em Israel, por isso, também é conhecida como festa da colheita, sendo assim, um momento especial para agradecer ao Eterno.

Em Sucót os judeus constroem cabanas/tendas e moram nelas com toda sua família, além de empregados, órfãos e viúvas, durante o período da festa, ou seja, 7 dias, segundo prescrito na Torá. A sucá é uma pequena cabana, construção modesta, como as exigências que devemos ter na vida, de pelo menos três paredes, com o teto coberto de palha ou folhagem. Por ser pequena, obriga seus habitantes a estarem bem próximos e unidos, nivelando as diferenças sociais. Em Sucót, o poderoso sai do seu palácio e vai viver numa habitação primitiva. “Nos dias de prosperidade devemos lembrar-nos dos tempos de miséria e dificuldades, e, graças a essa lembrança, conservar-nos humildes e sinceros”, ensina Maimônides.

O último dia de Sucót, neste ano, 1º de outubro, é a grande festa de Simchá (lê-se, simrrá) Torá, a alegria da Torá. A data marca o final da leitura da Torá, os cinco livros da Lei de Moisés, a saber, Bereshit (No princípio), Shemot (Nomes), Vaicrá (E chamou), Bamidbar (No deserto) e Devarim (Palavras), o que na bíblia cristã equivale a Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronômio. Na bíblia hebraica, os livros da Torá são denominados de acordo com as primeiras palavras contidas no texto, já na cristã, quando foi traduzida do hebraico para o grego, cada livro ganhou o título de acordo com a ideia geral de seu conteúdo. A cada serviço de shabat (sábado) é lida uma porção da Torá, parashá, sendo ao todo 54 parashiot lidas durante o ano.

Durante a festa de Simchá Torá os rolos da Torá são retirados da Aron haKodesh (arca sagrada), e levados em procissão pelas ruas, com cânticos, danças e expressões de júbilo. Conta-se que, nos séculos XVI a XVIII, em decorrência da forte imigração judaica no Nordeste brasileiro, tal tradição cultural, a dança com a “toura” (Torá), transformou-se no que hoje conhecemos como a festa do boi-bumbá.

Publicado em O Jornal de 8 de outubro de 2010
http://www.ojornalweb.com/2010/10/08/tishrei-um-mes-de-festas-enny-danielle/

Nenhum comentário:

Postar um comentário