sexta-feira, 30 de abril de 2010

Purim, o Carnaval judaico

A festa de Purim é comemorada todos os anos nos dias 14 e 15 do 12º mês do calendário (religioso) judaico, que é o mês de Adar, que no nosso calendário, em 2010, é a partir do pôr-do-sol do dia 27 de fevereiro. As origens da festa são relatadas no livro de Ester, sendo o único livro da Bíblia Hebraica que não faz menção direta a Deus, seu nome ou atributos.

A história acontece durante o reinado de Assuero (Xerxes), que foi rei da Pérsia e Média há 2.365 anos, época em que o primeiro Templo estava destruído e o povo judeu disperso. Assuero havia escolhido a jovem e bela Ester para ser rainha, mas não sabia que ela era judia, nem que era prima e filha adotiva de Mordechai.

Como tem acontecido na história do povo judeu até hoje, sempre se levantam inimigos, e naquela época foi Haman, o mais importante dos ministros do rei. Irou-se Haman contra os judeus, procurando destruí-los, ao perceber que quando passava, o judeu Mordechai não se inclinava, nem se prostrava. Haman lançou “pur”, ou seja, sorte, para determinar qual seria o dia da execução dos judeus e o dia sorteado foi 13 de Adar. Depois de conseguir a autorização real, enviou cartas a todas as províncias e a todos os povos sob o domínio do rei Assuero determinando que no dia 13 de Adar todos os judeus, homens, mulheres, velhos e crianças, deveriam ser eliminados e os seus bens saqueados. As cartas foram seladas com o anel do rei, o que significa que não poderiam ser revogadas.

Ao saber da determinação de Haman, Mordechai procurou Ester para informar-lhe do acontecido e solicitar que ela intercedesse ao rei pelo povo judeu. Havia um costume na época em que uma pessoa só poderia ir à presença do rei sendo chamado, caso contrário a pena podia ser a morte, e há 30 dias o rei não chamara Ester. Após um jejum de 3 dias, Ester revestiu-se de coragem e foi à presença do rei.
Assuero ergueu o cetro de ouro, indicando ser Ester bem-vinda e disse: “Qual é a tua petição e se dará a ti! O que desejares, cumprir-se-á, ainda que seja a metade do reino!” Ester ofereceu 2 banquetes ao rei e a Haman e disse que sua petição era pela sua vida e pela vida de seu povo. O rei, que até então desconhecia a origem judaica da rainha, tirou de Haman o anel real, condenando-o à forca, e deu a Mordechai, primo de Ester.

Como a carta de Haman não poderia ser revogada, por ter o selo real, Mordechai escreveu ao povo uma outra carta, em nome do rei, concedendo aos judeus o direito de se reunirem para se defenderem de quem se levantasse contra eles, suas mulheres, seus filhos, ou que saqueassem seus bens. A carta de Mordechai causou grande alegria para os judeus.

No dia 13 de Adar, os judeus se reuniram para defender a vida e nos dias 14 e 15, descansaram, fizeram dias de banquetes, de festa, de alegria e dia de enviar porções de comida uns aos outros. Mordechai e Ester escreveram cartas a todos os judeus ordenando a comemorar todos os anos os dias 14 e 15 de Adar, como dia em que os judeus tiveram sossego de seus inimigos, mês em que se mudou de tristeza para alegria, de dia de luto para dia de festa, para que se fizessem banquetes de alegria e mandassem porções de comida uns aos outros e dádivas aos pobres.

Hoje, além dos banquetes e festas, é costume comemorar Purim com a leitura do Meguilat Ester (livro de Ester). Em Israel, na cidade de Tel Aviv, Purim é celebrada com uma festa chamada Adlayadá, algo semelhante ao carnaval, quando as pessoas usam fantasias, trocam presentes, e saúdam umas as outras com Chag Purim Sameach! (Feliz Festa das Sortes!).

Publicado em O Jornal de 19 de fevereiro de 2010

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